Sunday, 20 May 2007

Foggy day...



"Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus barcos...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti..."

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, by Florbela Espanca

2 comments:

Ana Margarida Pinho said...

NEVOEIRO

Há nevoeiro nos pinhais...
Perdidamente, sorrateiro.
Cresce, recresce o nevoeiro...

Mas os pinheiros nao sabem mais
se aquela branca longa mão fina
é pra afogá-los, se é uma carícia.

Subtil, manhoso,todo malícia,
sobe o nevoeiro...
São quase imersos os pinheirais.
Mas os pinheiros não sabem mais
se hão-de gritar, se hão-de beijar
aquela fina branca mão longa
que os estrangula...

Sebastião da Gama, in Serra Mãe

Anonymous said...

Às vezes se te lembras procurava-te
retinha-te, esgotava-te e se te não perdia
era só por haver-te já perdida ao encontrar-te...
Beijo